quinta-feira, 18 de junho de 2015

Vozes que alertam

O operário em construção - Vinicius de Moraes
Fontes: Tex / http://letras.mus.br/vinicius-de-moraes/87332/





E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
- Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
- Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. IV, vs. 5-8.



Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.

E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:

Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
- "Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.

Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.

Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.



Vida de Operário - Pato Fu
Fonte: http://testetemplatesagora.blogspot.com.br/2013/09/dica-de-musica-vida-de-operario-pato-fu.html



Fim de expediente cinco e meia
Cartão de ponto, operários
Saem da fábrica cansados da exploração
Oito horas e de pé
E de pé na fila ônibus lotado
Duas horas em pé ou sentado
Vida de operário
Vida de operário
Vida de operário
Braços na máquina operando a situação
Crescimento da produção
E o lucro é do patrão
Semana é do patrão
Ganância é do patrão

terça-feira, 16 de junho de 2015

O Manifesto Comunista

Em primeira análise é vista como uma luta de classes. Os homens estão sempre em guerra, nunca param e sempre esta sendo finalizada com uma transformação revolucionária da sociedade, ou até mesmo na destruição das duas classes. A burguesia teve uma evolução iniciada na idade média. Onde os servos se transformaram nos burgueses das primeiras cidades, e progrediram aceleradamente em função do crescimento da navegação, do seu comércio, incluindo as colônias da América. Esse crescimento econômico em função dos mercados trouxe o surgimento de milionários da indústria, e o crescimento da denominada burguesia moderna. Assim a burguesia ultrapassou várias etapas nas quais cruzava avanços políticos. As novas relações de produção levaram a falência das indústrias antigas, ocorrendo cada vez mais o uso de matérias primas em outros países a consequência do incremento e centralização do capital, do aumento de mercado, da divisão do trabalho, é a ampliação do proletariado e de seus problemas.

A classe proletária é reforçada pela incorporação das classes menores e classe média, pequenos comerciantes. O interesse deles está ficando igual. Marx junto com Engels estavam impondo que não tinha uma união nem nada para que eles pudessem lutar. Estava ocorrendo movimentos esparsos, e os resultados não estavam sendo imediatos, mas eles queriam reforças a união da classe trabalhadora. Essa união cresce a cada vez mais, entretanto, só o proletariado é considerado revolucionário, os pequenos burgueses se tornam conservadores. Ressaltando que o trabalho não cria propriedade é de um lado a ideia de que o capital é um produto coletivo. Assim, quando o capital se transforma em trabalho assalariado tem como produto apenas o mínimo para a subsistência, sendo assim, possibilitar a supressão do caráter e de exploração do trabalho. Os autores deixaram bem claro que se trata da proposta comunista. Não estava apenas se tratando de evitar a apropriação da parte dos produtos sociais referente ao trabalho de cada um, mas sim de suprimir. Os autores ainda tratam de outras crítica ao comunismo com a alegação de que se quer terminar com a família, religião, filosofia e ideologia.

Procedimentos Ideológicos

Como a ideologia chega a obter seus resultados? Em primeiro lugar, opera por inversão, isto é, coloca os efeitos no lugar das causas e transforma estas últimas em efeitos. Ela fabrica ideias e falsas causalidades. Por exemplo, o senso comum social afirma que a mulher é um ser frágil, sensitivo, intuitivo, feito para as doçuras do lar e da maternidade e que, por isso, foi destinada, por natureza, para a vida doméstica, o cuidado do marido e da família. Assim o “ser feminino” é colocado como causa da “função social feminina”. Ora, historicamente, o que ocorreu foi exatamente o contrário: na divisão sexual social do trabalho e na divisão dos poderes no interior da família, atribuiu-se à mulher um lugar levando-se em conta o lugar masculino; como este era o lugar do domínio, da autoridade e do poder, deu-se à mulher o lugar subordinado e auxiliar, a função complementar e, visto que o número de braços para o trabalho e para a guerra aumentava o poderio do chefe da família e chefe militar, a função reprodutora da mulher tornou-se imprescindível, trazendo como consequência sua designação prioritária para a maternidade. Estabelecidas essas condições sociais, era preciso persuadir as mulheres de que seu lugar e sua função não provinham do modo de organização social, mas da Natureza, e eram excelentes e desejáveis. Para isso, montou-se a ideologia do “ser feminino” e da “função feminina” como naturais e não como históricos e sociais. Como se observa, uma vez implantada uma ideologia, passamos a tomar os efeitos pelas causas. 

A segunda maneira de operar da ideologia é a produção do imaginário social, através da imaginação reprodutora. Recolhendo as imagens diretas e imediatas da experiência social (isto é, do modo como vivemos as relações sociais), a ideologia as reproduz, mas transformando-as num conjunto coerente, lógico e sistemático de ideias que funcionam em dois registros: como representações da realidade (sistema explicativo ou teórico) e como normas e regras de conduta e comportamento (sistema prescritivo de normas e valores).

Uma terceira maneira de operação da ideologia é o silêncio. Um imaginário social se parece com uma frase onde nem tudo é dito, nem pode ser dito, porque, se tudo fosse dito, a frase perderia a coerência, tornar-se-ia incoerente e contraditória e ninguém acreditaria nela. A coerência e a unidade do imaginário social ou ideologia vêm, portanto, do que é silenciado.

Fontes:

As três formas de alienação nas sociedades modernas ou capitalistas

Fonte (Imagem): www.ogritodobicho.com

Alienação social: Na qual humanos não percebem que são formadores das instituições sociopolíticas, onde há aceitação passiva como algo natural, divino ou racional. 

Alienação econômica: Na qual o indivíduo não se reconhece como produtor e nem se reconhece nos objetos produzidos, na sociedade a alienação é dupla: 

• O proletariado (os trabalhadores) vende sua força de trabalho como se fosse uma mercadoria e como uma mercadoria vendida ela tem que ser paga, assim o trabalhador recebe seu salário. O trabalhador nesse caso não percebe que foi reduzido a uma “coisa” que produz coisa, assim não percebem que foram rebaixados a coisas, desumanizados e passam a ser facilmente explorado.
• A segunda seria como o trabalhador vê as coisas que ele produziu, o trabalhador olha os preços e sabe que não poderá comprar porque o objeto é uma coisa mais valiosa que ele, fica difícil a sua compra, pois seu salário não dá para obter os objetos que ele mesmo produziu como classe social.
Mas mesmo assim ele se vangloria quando vê o fruto de seu trabalho a venda, fala com a boca “cheia” que foi ele quem fez, mesmo sabendo que não poderá obter certo objeto. 

Mas mesmo assim ele se vangloria quando vê o fruto de seu trabalho a venda, fala com a boca “cheia” que foi ele quem fez, mesmo sabendo que não poderá obter certo objeto. 

Alienação intelectual: Resultante da separação social entre trabalho material (que produz mercadorias) e trabalho intelectual (que produz ideias). A divisão social entre as duas modalidades de trabalho leva a crer que o trabalho material é uma tarefa que não exige conhecimentos, mas apenas habilidades manuais, enquanto o trabalho intelectual é responsável exclusivo pelos conhecimentos. Vivendo numa sociedade alienada, os intelectuais também se alienam. Sua alienação é tripla:

• Primeiro, esquecem ou ignoram que suas ideias estão ligadas a classe que pertence, isto é, a classe dominante (burguesia).
• Segundo, esquecem ou ignoram que as ideias são produzidas por ele para explicar a realidade, sendo assim passa a acreditar que tudo já está feito apenas descobrem e descrevem sobre forma de teorias gerais.
• Terceiro, esquecendo ou ignorando a origem social das ideias, acreditam que as ideias existam por si mesmas, pouco a pouco passam a acreditar que as idéias se produzem umas as outras, uma vez que assim nos passamos a se simples receptadores ou instrumentos dela.

Fontes:

Ideologia e Cidadania

“Ideologia e Cidadania são duas palavras bastante usadas atualmente. Na sua densidade teórica, refletem experiências do cotidiano. nas conversas comuns, a ideologia se esconde atrás das visões do mundo das pessoas e de suas atitudes cidadãs. A politica, em suas diversas formas, revela-se com um espaço privilegiado da cidadania e da pluralidade ideológica. Nas relações conjugais, com as outras etnias e religiões, abrem-se novos campos que desafiam o exercício da cidadania e os vários interesses. E, os jovens percebem como a sua idade se torna o centro de interesses econômicos e políticos, provocando-os, à tomada de posição pessoal e livro no espirito da cidadania.”
Libano, João Batista. Ideologia e Cidadania - Coleção Polemica. 2ª edição. Editora Moderna, 2004.

Fonte (Imagem): http://www.pragmatismopolitico.com.br/
Um bom exemplo da cidadania é a questão do racismo, pois o conceito fundamental da Cidadania se resume na consciência e na prática de que todos são iguais perante a lei. A Lei Afonso Arinos, pontua muito bem esse conceito; lei a qual incrimina aquele que descriminar o outro, baseado na etnia ou cor da pele. O Brasil ainda é um país falho nessa questão, apesar de suas origens.

Transformando a Ideologia e cidadania em duas fases da vida, infância e juventude, notam-se duas facetas: a real e a utópica. As idades da vida humana não apenas fatos científicos, mas também dados culturais, pois, cada período da história as esboça de formas diferentes.
Fonte (Imagem): http://1.bp.blogspot.com/_
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Quando criança apresenta-se a pureza, a felicidade e a ingenuidade da infância. A criança é o nascer do sol, é a luz, o encanto, e desconhece a escuridão. Essa fase da vida ganhou ainda mais importância por conta do evangelho que a elevou a um estado ainda mais mítico.
Nesse contexto, entra, então, a ideologia de Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778). Ao seu ponto de vista o ser humano nasce puro e a sociedade o corrompe. A criança exemplifica numa totalidade completa essa ideologia. É folha em branco que a sociedade irá tingir de trevas a luz antes presente nesse puro coração.
Os resultados da ideologia na infância atingem tanto os adultos na sua relação consigo mesmo quanto na sua relação com a criança, pois, o ponto de vista infantil é puro e singelo, o qual o adulto, por sua atratividade, gostaria muito de seguir. Entretanto não pode, pois esse ponto de vista é inocente e ingênuo, o que não lhe cabe mais em seu cotidiano.
O fato de os adultos visarem a criança como pequenos seres humanos puros e ainda intactos do corrompimento social não os deixa enxergar o lado obscuro dessas pequenas mentes puras e abertas a qualquer conceito ou valor. E, por muitas vezes, essa utopia de pensar que a criança não sofre de nada acaba por acarretar uma série de problemas futuros.

Fonte (Imagem): http://www.terapiadecrianca.com.br/
A ideologia infantil favorece alguns aspectos e prejudica outros. Desse modo, a idealização ideológica infantil é um escape ao adulto que não quer enfrentar o mundo real, mergulhando nessa utopia da inocência e deixando de perceber que muitas vezes o problema que lhe aflige agora teve início em sua própria infância.

Quando entra na adolescência o jovem está começando a descobrir o mundo e a si mesmo. E mesmo sem saber, o jovem está vivendo uma fase que nem sequer existia. Na Roma Antiga não havia um período para passar da infância para a fase adulta. Essa transição só foi criada por conta das alterações econômicas e sociais da época. Entretanto, essa passagem para a vida adulta era vista como subordinada marginalizada e impedida de ter os mesmos direitos que um adulto teria. Em outras culturas, como na tribo Aché, a transição da infância para a fase adulta era marcada por um ritual inumano onde os jovens eram submetidos à condições deploráveis de dor e tortura.

O processo de industrialização em cada nação, cada um em sua época, transformou o conceito familiar em cada uma das culturas. Esse processo foi o principal responsável pela aparição da infância e adolescência escolar. Essa última se consolidou com a burguesia no final do século XIX. Nesse período se desenvolveram as diferenças entra classes burguesas e proletariadas, onde as escolas, que antes abrangiam todas as idades, foram sendo priorizadas para os jovens e o serviço militar imposto aos mesmos para evitar rebeliões. Começa a se construir a exaltação das proezas físicas, logo levando a ideologia “jovem-corpo” que mais tarde não pode ser freada.

Nessa linha de disciplina cresceu o escotismo e seus conceitos conservadores e militaristas onde os jovens eram separados, principalmente os jovens dos adultos e os homens das mulheres. Isso resultou na revolta da classe proletariada, a qual se encontrou voltada a criação de bandos ao invés de concordarem com essa ideologia.

Com o intuito de driblar essas manifestações, foi criada uma ideologia que agia sobre a juventude, onde era mostrado ao jovem como conduzir sua vida e assumir um entendimento de si mesmo com base nos conceitos oferecidos pela sociedade. É nesse período que são criadas as Instituições de Reeducação Compulsiva.
Nesse processo também teve início a repressão sexual, onde a sexualidade fica reservada apenas a vida adulta. Logo, houve muitas revoltas que ao longo do processo foram amenizadas.
Dessa época em diante, o compromisso social passa a ser constante na vida dos jovens conscientes. Não de comprometer significava renunciar a modernidade e viver alienado. Os anos 70 e 80 foram importantes pilares para com esse compromisso social. O fracasso de maio de 1968 e o AI5 (Ato Institucional 5) foram grandes barreiras para essa juventude pensante.
Fonte (Imagem): http://i210.photobucket.com/albums/bb109/
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A ideologia dos jovens da década de 90 preferiu a anarquia à hierarquia. Com isso deu-se início a cultura do light, onde se evitava o apego, as fortes emoções e compromissos exigentes. A bebida, as drogas e o sexo passam a ser um escape para essa geração. O romancista Kundera relata muito bem essa fase do sentir e não do pensar, da sensação e não da lógica: “Penso e logo existo é o comentário de um intelectual que subestima a dor de dente. Sinto, e logo existo é uma verdade que possui uma validez muito mais geral”.
(La inmortalidad. Barcelona, Tusquest, 1990, p. 242.)

A introdução da mídia vem de um modo que procura audiência entra essa juventude informando esses questionamentos e aquelas perguntas. Sobre ela monta-se uma enorme cadeia consumista. Basta assistir a uma novela, ou seriado e até mesmo comerciais ou folhear revistas. A mídia dominou não apenas a juventude, mas toda uma população.

Fonte (Imagem): http://s2.glbimg.com/4Ym4KWafja
MqjRXkEzwm4VjtTdU=/620x465/s.glbimg.com/
jo/g1/f/original/2013/06/20/sorocaba-
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O jovem hoje vive um momento de profunda decepção com a realidade política e social do país. Essa é uma das causas de muitos jovens e desprenderem de sua cidadania. Mas existem aqueles que, apesar de todos estes aspectos negativos, afirmam o valor do último fundamento de nosso convívio: a palavra.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Ideologias e Karl Marx

Atualmente, a televisão tem sido o maior
agente de controle social no país. Mascarar a realidade
tornou-se o objetivo diário da imprensa brasileira.
Fonte (Imagem): http://propriedadepublica.blogspot.com.br/
De acordo com Marx, as ideologias são criadas afim de mascarar a realidade, que apresentam apenas a aparência e escondem a essência. Ao analisar por esse ponto de vista, entende-se que, para ele, a ideologia é uma ferramenta de controle social. 
Na concepção do sociólogo, a classe dominante distorce a forma de ver a relação da opressão, ou seja, eles apresentam os fatos como se fossem os heróis dela, e não os opressores, fazendo com que a classe dominada se conforme com as condições de vida que lhe são impostas. 
É nesse momento que surge a ideia  de que a ideologia da classe dominante esconde as contradições do capitalismo, escondendo do proletariado sua exploração.
Friedrich Engels foi um importante colaborador ideológico e financeiro para Marx. Juntos eles escreveram o Manifesto Comunista, formulando seus pensamentos com base na realidade social da época, onde existia um grande avanço técnico e aumento do controle da natureza pelo homem, enquanto do outro lado da moeda via-se o sofrimento e a opressão da classe trabalhadora, que ficavam cada vez mais pobres. 

A ideologia marxista preza por uma sociedade igualitária, enquanto cria o conceito de modo de produção, mais-valia, alienação e luta de classes.

O modo de produção é composto por dois elementos: 

1. Infraestrutura, que são as forças produtivas que englobam as ferramentas, fábricas, equipamentos, conjunto de habilidades e conhecimentos adquiridos pela força de trabalho, os recursos naturais e tecnológicos. Para um melhor entendimento, é a estrutura material da sociedade, a base econômica, a classe de trabalhadores/operária. 
2. Superestrutura, que são as relações de produções, correspondentes à parte jurídica e política, ou seja, a classe dominante. 

O trabalhador gera mais do que foi contratado, 
acumulando mais capital. Capital esse que não fica em
sua posse, mas sim nas mãos de seu empregador.
Fonte (Imagem): http://testetemplatesagora.blogspot.com.br/
Eis que entra a teoria de mais-valia, onde o trabalhador (infraestrutura) vende o seu trabalho por um determinado valor, o qual é estipulado em um contrato (um simples pedaço de papel). Encontra-se um problema quando o proletariado (trabalhador) produz mais do que foi contratado, acumulando assim mais capital. Entretanto, este não fica em sua posse, mas é apropriado por seu empregador (superestrutura). Em suma, o mais-valia é um valor onde o trabalhador gera mais do que lhe foi imposto, aumentando o valor da sua força de trabalho, mas não recebendo de maneira justa pelo mesmo. 




Fonte (Imagem): https://colunastortas.wordpress.com/2014/02/05/o-que-e-alienacao-em-marx/


Quanto ao desenvolvimento envolto da alienação, Marx afirma que essa é a condição cujo trabalhador não tem mais noção alguma da diferença entre a concepção do seu trabalho e a execução do mesmo. Isso acontece porque não dá mais o devido valor ao produto que concebe, apenas visando o retorno financeiro que receberá no final. Levando em conta essas condições, o proletariado usa como armas os mecanismos da introdução ideológica na mente da população, para que conformem-se com as condições de vida que lhe foram impostas e não se manisfestem contra a questão. Nessa relação apresentada (infraestrutura e superestrutura), uma faz com que a outra prevaleça. Apesar da inexatidão, o que Marx afirma é que a base econômica determina todos os aspectos da superestrutura. O fato é que  é que a infraestrutura, por ser a base, carrega a superestrutura. Entretanto, quando o trabalhador toma conhecimento da situação, começa a agir altivamente sobre si e suas atitudes. A superestrutura só passa a reclamar e se manifestar a partir do momento em que a infraestrutura é modificada, ou seja, as alterações na infraestrutura refletem na manifestação da superestrutura. O que resulta na luta de classes, que é quando a infraestrutura não quer mais ser explorada, mas sim ter controle sobre seu trabalho e o que é produzido.

"A  história de toda a sociedade até os
nossos dias atuais nada mais é do que a história da
luta de classes."
Marx
Fonte (Imagem): 
http://vermelho.org.br/noticia/245684-8
Fontes: 


Ideologias - O discurso competente

Vocês sabem o que são, de fato, as ideologias? Esperamos que não, pois é para isso que estamos aqui, fazer com que vocês entendam um pouco melhor sobre este assunto. 

Fonte (Imagem): http://conceitos.com/wp-content/uploads/2014/06/Ideologia.jpg
"Como sabemos, a ideologia não é apenas a representação imaginária do real para servir ao exercício da dominação em uma sociedade fundada na luta de classes, como não é apenas a invenção imaginária do processo histórico na qual as ideias ocupariam o lugar dos agentes históricos reais. A ideologia, forma específica do imaginário social moderno, é a maneira necessária pelo qual os agentes sociais representam para si mesmos o aparecer social, econômico e político, de tal sorte que essa aparência (que não devemos simplesmente tomar como sinônimo de ilusão ou falsidade), por ser o modo imediato e abstrato de manifestação do processo histórico, é o ocultamento ou a dissimulação do real. Fundamentalmente, a ideologia é um corpo sistemático de representações e normas que nos "ensinam" a conhecer e a agir." (Fonte: O Discurso Competente - Marilena Chauí)

"O primeiro problema enfrentado por qualquer discussão sobre a natureza da ideologia é que não existe uma definição estabelecida ou acordada para o termo [...] Conforme disse David McLellan (1995), 'ideologia é o conceito mais impreciso das ciências sociais.'." (HEYWOOD, 2010, p.18).


Unificação de ser, dizer e pensar, 
criadas graças a classe dominante.
Fonte (Imagem): 
http://blogdojonas.com.br/
Para o termo "ideologias" não existe uma definição universal. Ele é um conceito que abrange formas variadas, podendo ser como um sistema de crenças políticas, visão de mundo de um determinado grupo social, o conjunto de ideias da classe dominante entre várias outras formas. 
Em "O Discurso Competente", a apresentação dessa definição é dada como um sistema de normas e representações que nos "ensinam" como agir de forma pré-determinada. Essas normas são espalhadas pelo discurso ideológico, que possui como função unificar os pensamentos, a linguagem e a realidade, possibilitando a identificação com a imagem que é criada pela classe dominante. Quando tornam essas características (ser, dizer e pensar) unificadas, lacunas em todo o discurso são formadas, garantindo a suposta verdade do que está sendo afirmado, dando ao discurso uma coerência de ideias. 




"Aparentemente, os sujeitos da sociedade, bem como suas ações,
são resultados das ideias, mas na verdade, as ideias é
que são criadas por nós."
Fonte (Imagem):
 
http://opsquebrou.blogspot.com.br/2012/08/a-tal-alienacao.html
Também é afirmado que as ideias que formam a ideologia estão fora do espaço social e político de uma sociedade determinada, ou seja, "fora do lugar". Aparentemente, os sujeitos da sociedade, bem como as suas ações, são resultados das ideias, mas na verdade, as ideias é que são criadas por nós. A ideologia não possui história, entretanto, isso não significa que ela seja um conjunto de representações e normas eternas. Significa, sim, que as transformações que ocorrem no discurso, são de acordo com os interesses da classe dominante em encobrir outra história, então, no fim das contas, a função da ideologia é criar uma imagem do presente como um progresso para exterminar o risco de enfrentar de maneira efetiva a história. 
Portanto, quando se afirma que a ideologia não possui história, afirma-se que as ideias não estão apenas fora do lugar, mas também fora do tempo. Aqui encontramos uma contradição, pois como a ideologia auxilia a dominação perante uma determinada classe social, as ideias precisam ser atuais. Depois de entender esse conceito de ideologias, entra-se com a diferenciação do saber e da ideologia.